Por trás dos mais variados estereótipos, Goiânia hospeda um extraordinário acervo cultural divulgado por poucos.
Por Claudia de Castro Ribeiro
Para uns, apenas “uma fazenda asfaltada”, para outros, a cidade das mulheres bonitas. Para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a capital mais arborizada do país. Aos amantes da moda: o maior polo têxtil do centro-oeste. Para os amantes da música, a mãe do ritmo mais tocado no Brasil: o sertanejo. A apenas 209 quilômetros ao leste de Brasília e 1.302 milhões de habitantes, entre suas multi faces, Goiânia também abriga imensa diversidade cultural que varia entre museus, arquitetura e musica alternativa.
Com um clima extremamente seco durante a primavera e excepcionalmente calor, a cidade coleciona mais de dez museus que reune artefatos históricos, experiencias no mundo digital e até mesmo um passeio ao ar livre que te leva pra dentro da geografia goiana: o cerrado. Além disso, também é a segunda mais importante de Art Déco nas Américas. Apesar de ser conhecida principalmente pela música sertaneja, Goiânia também é palco para grandes artistas independentes, reconhecidos nacional e internacionalmente (como Carne Doce e Boogarins).
Museus
Localizado na Avenida Universitária, o Museu Antropológico DDRH expõe uma coleção de achados científicos de tribos pré-colombianas, incluindo objetos e esculturas. Bem perto dali, na Praça Dr. Pedro Ludovico Teixeira, o Museu Professor Zoroastro Artiago continua contando a história de Goiás através de uma mostra educacional de objetos e cenários do dia a dia de tribos dos povos nativos das Américas. Murilo Loche, 19, passou as férias em Goiania e se impressionou com o acervo do museu “É muito interessante e nos dá uma visão sobre a cultura indígena de uma forma que não foi ensinada na escola”, afirma ele. Ainda sobre os índios, temos o Museu do Índio que engloba projetos culturais, treinamento de grupos indígenas em novas técnicas de produção de mídias digitais, em arquivos imagéticos e sonoros.
Também tem espaço para quem gosta de ciência, o Museu de Ciência da UFG, é voltado para a popularização da ciência, produção de conhecimento e tecnologia. Por falar em tecnologia, o Museu PUC é inteiramente digital e interativo, apresentando cultura e entretenimento, perfeito para todos os públicos, inclusive infantil. Aos arredores da praça
Cívica, escondido em um prédio cinza e branco, se encontra o Museu da Imagem e do Som de Goiânia, que tem o objetivo de reunir, preservar, produzir e divulgar as formas de expressão histórica e cultural do Estado registradas em áudio e vídeo.
A arte também não fica de fora, Goiânia conta com três museus que celebram o meio artístico: O Museu de Arte de Goiânia, que foi inaugurado em 1970 e é uma instituição pública sem fins lucrativos que oferece oficinas de artes e conta com setores de especiais para Biblioteca Especializada, Reserva Técnica, Conservação e Restauração e Intercâmbio e Exposições. O Museu de Arte Contemporânea de Goiás foi projetado pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer e reune artes, arquitetura e linguística clássicas e tradicionais. E se você gostar de um passeio cultural ao ar livre, a praça Universitária reune uma grande coleção de esculturas expostas por todo o espaço.
Passear por Goiânia sem experienciar o cerrado, não pode ser considerado um passeio completo. Por isso, o Museu ao Ar Livre da Vida Selvagem Ilha Boiuna fica no setor Campinas e é perfeito para quem quer ver a vida selvagem sem ir muito longe. Mas se estiver a fim de algo mais profundo, o Memorial do Cerrado é um mergulho dentro da geografia e história brasileira e goiana. Não se esqueça de ir com sapatos confortáveis, pois o museu conta até mesmo com uma trilha ecológic
Art Déco
A Art Déco nasceu em 1925, na França. Inspirada em um festival de Exposição Internacional de Artes Decorativas, a arquitetura se consagrou no estilo que utiliza geometria, materiais luxuosos e estampas. Nos anos 30 o mundo inteiro ficou encantado pelo estilo, por tanto, em 1933, quando Goiânia foi planejada, seus fundadores usaram a Art Déco como inspiração para a arquitetura da cidade.
Por estarem localizados majoritariamente nos entornos da praça Cívica, se torna possível fazer até mesmo um tour à pé pela cidade. Pode-se começar pelo Palácio das Esmeraldas a sede do governo estadual é um dos principais edifícios em Art Decó. Logo ao lado, o Fórum e Tribunal de Justiça; o Museu Zoroastro Artiaga, que abrigava o Departamento Estadual de Informação; o Edifício da antiga Delegacia Fiscal; a Procuradoria Geral do Estado, que pertencia antigamente a Chefatura de Polícia; o Centro Cultural Marieta Telles Machado, que abrigava anteriormente a Secretaria Geral; e o Edifício do Tribunal Regional Eleitoral também fazem parte dessa lista.
O Coreto localizado em frente a Praça Cívica, assim como a Torre do Relógio (que fica logo atrás, na Avenida Goiás) também são monumentos tombados de Art Déco. Ainda pelo centro, estão na lista o Museu Pedro Ludovico; o Edifício do Colégio Estadual Lyceu de Goiânia; o Edifício do Grande Hotel; e o Edifício da Antiga Escola Técnica de Goiânia, atualmente IFG. Ainda na região central é preciso destacar o Edifício da Antiga Estação Ferroviária, que foi reformada e hoje em dia conta até mesmo com a réplica de um pequeno trem para divertir os turistas, Claudio Amorim, original de São Paulo conta que um de seus passeios favoritos pela cidade foi a Estação Ferroviária, ele diz que “o lugar é bem bonito e as fotos no trenzinho ficaram bem engraçadas”. Todos os edifícios tombados pelo Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) podem ser encontrados no site do mesmo.
Música
Dentre os ambientes noturnos, Goiânia se deleita em música ao vivo, recheada de diversão e claro, cultura. O Lowbrow Lab Arte & Boteco reune música, bebida, comida e artes plásticas. A trilha sonora do local é regada por Jazz, blues e rock. Mas o dono do bar Rogério Andrade afirmou à revista veja que a maior meta do local é promover a cultura, por isso ao circular pelo estabelecimento, os visitantes caminham por uma galeria de arte contemporânea com foco em desenho e pintura até encontrar uma mesa.Se mais do que ouvir, você também quiser cantar: Bolshoi Pub é o lugar perfeito. Também focado em Jazz, blues e rock, o bar já recebeu artistas renomados como a banda Fresno. Além da música, o pub aposta nas cervejas especiais, como as alemãs Paulaner e Erdinger e a irlandesa Guinness.
Para quem quer ter uma experiencia bem popular, no estilo estereotipo nacional, o alabama Choperia e Restaurante se encarrega dessa responsabilidade. Com música sertanejo ao vivo, o bar também traz varias opções de cervejas e um vasto cardápio com porções, petiscos e espetinhos. Mas para quem quer algo mais eclético e gosta de se surpreender, o Mercado Popular 74 é um ótimo lugar, nele é possível encontrar muitas comidas e bebidas de excelente qualidade e para deixar tudo ainda melhor, ao centro do ambiente, há um palco onde artistas se apresentam diariamente, sendo um estilo musical diferente a cada dia.
A cidade também promove grandes festivais, como o Bananada, que geralmente acontece no mês de agosto, trouxe para Goiânia grandes nomes da música independente e alternativa. Segundo o organizador do evento, Lucas Manga, o objetivo do festival vai além do âmbito musical, “é ideológico e principalmente político, e visa promover o respeito e lutar pelas minorias”. Este ano, artistas como Tulipa Ruiz, Criolo, Baco Exu do Blues e Pitty se apresentaram nos palcos do evento.
Outros grandes festivais que rolam pela cidade, são o Goiania Noise e o Vaca amarela, ambos celebram o rock nacional e a música alternativa brasileira. E claro, não podemos esquecer do festival com o maior palco da América Latina: Vila Mix, que começou como um evento de música sertaneja mas que hoje se mesclou com a música pop e trouxe diversos artistas do pop internacional.
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